Hoje temos uma ampla interação de objetos e ações, que configuram o que Santos chama de meio “técnico-científico-informacional”, onde a técnica mostra sua força modificadora do espaço como nunca. A crise do sujeito aparece como um problema dessa globalização inevitável. Mas para Santos o aspecto humano não se desvaloriza. Santos fala que hoje cada lugar é resultado de uma dialética entre uma razão global e outra razão local.
“A idéia de que o tempo suprime o espaço provém de uma interpretação delirante do encurtamento das distâncias, com os atuais progressos no uso da velocidade pelas pessoas, coisas e informações.”
Milton Santos não concorda com os autores que falam da supressão do espaço na era da informação. Para ele, o que se dá é um novo comando da distancia e, de acordo com ele, o espaço não é definido exclusivamente por essa dimensão. O crescimento das tecnologias da informação não dissolve as cidades, como tem sido freqüentemente anunciado, pois os lugares urbanos e os espaços de fluxo eletrônico influenciam-se mutuamente na cidade eletrônica.
“O agir técnico leva a interações formalmente requeridas pela técnica. O agir formal supõe obediência aos formalismo jurídicos, econômicos e científicos. E existe um agir simbólico, que não é regulado por cálculo e compreende formas afetivas, emotivas, rituais...”
Milton Santos fala que os objetos técnicos promovem conexão, aproximação, vizinhança, apropriações, usos distintos.
“Assim cada lugar, cada subespaço, tanto se define por sua existência corpórea, quanto por sua existência relacional.”
“O fato de o sistemismo dos objetos condicionar o sistemismo das ações não significa que entre eles haja uma relação automática. (...) A interação humana pode forjar novas relações, criando a surpresa e impondo a novidade.”
Em minha opinião, os processos interativos entre sujeitos usando tecnologia móvel estabelecem vínculos, criam sentidos, promovem a apropriação de espaços simbólicos e físicos. Se dá uma nova sociabilidade baseada em convergências de interesses. No há dissolução do vínculo social.
“A tecnosfera se adapta aos mandamentos da produção e do intercambio (...) “A psicosfera, reino das idéias, crenças, paixões e lugar da produção de um sentido, também faz parte desse meio ambiente, desse entorno da vida, fornecendo regras à racionalidade ou estimulando o imaginário.”
Milton Santos fala da “tecnosfera” (mundo dos objetos) que é impossível de separar de outra esfera de ação, que é a “psicosfera” (reio das idéias, crenças e paixões) e lugar de produção de sentido. Esta psicosfera, embora seja a garantia da legitimidade das novas técnicas (que têm legitimidade na forma de pensar tecnológica do tempo atual), também é o reino da improvisação, dos novos usos, da mudança dos usos e dos espaços marcados e definidos “técnica” e “formalmente” pelas novas tecnologias.
A NATUREZA DO ESPAÇO. Técnica e tempo, razão e emoção.
Espaço: Coexistência do passado e do presente, reconstruída em um território sob um sistema técnico.
Técnica: Sistema de objetos e ações (potencia e ato) concretizados num entorno social.
Tempo: Historia de um espaço materializado através da recepção, transformação e uso da técnica.
Razão: Fundamento de implementação das técnicas com fines econômicos / instrumentais / sociais / de controle.
Emoção: Capacidade para integrar as técnicas na vida social, mas também para fazer novos usos de elas, interagir, inventar novos sentidos simbólicos e novas apropriações do espaço.
A “emoção” seria o lugar da imaginária, da criatividade simbólica, a oportunidade de apropriação das tecnologias para um uso consciente, livre, critico e transformador.
“O lugar é o quadro de uma referência pragmática ao mundo, do qual lhe vêm solicitações e ordens precisas de ações condicionadas, mas é também o teatro insubstituível das paixões humanas, responsáveis, através da ação comunicativa, pelas mais diversas manifestações da espontaneidade e da criatividade.”
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